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OS TRÊS NOMES DO TEMPO

OS TRÊS NOMES DO TEMPO
   Essa, que é minha primeira série artística, consiste em três desenhos interligados que abordam as dores causadas por transtornos mentais e suas manifestações ao decorrer da vida. “A culpa repugnante do PASSADO (jamais te deixará)”, “A solidão angustiante sempre estará PRESENTE” e “A ansiedade perturbadora do FUTURO obscuro (continuamente te afligirá)” abordam mais especificamente depressão e ansiedade, representando seus conceitos nos “três tempos”.
   Diversas vezes me dizem que tenho uma visão pessimista das coisas, mas pra mim, não passa da mais pura realidade. Desde muito cedo, detesto que tentem me consolar com otimismo e palavras bonitas, e só encontrei força a partir de diversas artes; fossem músicas, filmes, pinturas ou textos que retratassem minhas dores de forma crua, pesada e horrível, por que é assim que elas são; e não, não há lado bom. Com o passar do tempo, aprendi a abraçar minha melancolia, que hoje é minha principal e inesgotável fonte de inspiração, afinal, as dores nunca se vão.
   Apesar de desenhar e criar desde que me entendo por gente, só muito recentemente consegui realmente começar a me ver como artista e sentir que minhas criações finalmente significam algo que vem de dentro de mim. Fiquei muito feliz com o resultado dessa série, não por achar que tenha ficado tudo perfeito, e sim por estar aprendendo a aceitar as imperfeições, tanto minhas quanto das minhas criações; por sentir que aos poucos estou conseguindo me expressar melhor, e também, por feedbacks de pessoas, que assim como eu, se identificam com esse tipo de arte e, de alguma forma, conseguem tirar inspiração e força delas.
A CULPA REPUGNANTE DO PASSADO JAMAIS TE DEIXARÁ
Nossos pecados nunca nos abandonam e os demônios crescem cada vez mais consumindo nossa angústia autodepreciativa cheia de arrependimento. Tentamos seguir em frente, nos enganando com uma ideia de perdão e redenção, no entanto, não há nada que nos fará esquecer.

A cor predominante nesta peça é a escarlate. Cor do meu e do seu sangue. Sangue de todos aqueles que machucamos durante nossa existência e certamente também aquele de nossas próprias feridas. Um vermelho sanguinolento, odioso e repugnante.

Os olhos furiosos de nossos demônios são de pesado julgamento, suas mãos incessantes não buscam ajudar, mas sim apontar e pressionar nossas mentes, seus dentes e garras afiadas cravam marcas e dilaceram não a carne, mas sim a alma e suas línguas venenosas açoitam a memória como chicotes reabrindo feridas antigas que ainda sangram como novas e exalam um aroma pútrido, tal qual um abatedouro cheio de vermes vindos diretamente do inferno.

Seguimos tentando, fugindo talvez. Com uma expressão de desespero no rosto. Pois assim como quando éramos crianças, ainda não podemos encarar nossos demônios, estejam eles embaixo da cama, no armário ou dentro de nossos corações.


A peça original foi realizada com caneta esferográfica, lápis de cor e lápis grafite sobre papel Canson A3 224g/m² .
A SOLIDÃO ANGUSTIANTE SEMPRE ESTARÁ PRESENTE
Mesmo que vivamos sobre a mesma esfera perdida no espaço que cerca de 8 bilhões de pessoas, e incontáveis outros seres, a distância entre o “eu” e o próximo é infinita. Mesmo que rodeados de amigos, familiares e amantes, ainda estamos sozinhos, e o sentimento gélido do vazio interior sempre irá nos fazer lembrar.

Ainda que acorrentados ao eterno presente, somos feridos pelo passado e futuro. Sofremos a culpa repugnante de algo que a vida já levou e somos esmagados pelo peso perturbador de algo que ainda não chegou.

Sentimos que não pertencemos a lugar nenhum e nos tornamos estátuas, imóveis no tempo, ainda que completamente vulneráveis a sua passagem, atormentados por nossas próprias consciências solitárias que enrijecem a carne, cortam nossas asas e enfraquecem a alma.

Todos nós, sem exceção, nascemos, vivemos e morreremos. Sempre juntos, eternamente sozinhos.


A peça original foi realizada com caneta esferográfica, lápis de cor, lápis grafite e caneta gel metálica sobre papel Canson A2 224g/m² .

A ANSIEDADE PERTURBADORA DO FUTURO OBSCURO CONTINUAMENTE TE AFLIGIRÁ
Durante uma parcela esmagadora de nossas vidas nossos pensamentos estão ocupados com algo que nem sequer existe.

O conceito abstrato de futuro, formado por uma infinidade de possibilidades perpetuamente multiplicadas a cada possível ação, drena as energias que precisamos para viver o presente, pois a infinidade pesa. E muito.

Não temos real controle sobre quase nada em nossas próprias vidas. As cordas extremamente frágeis do caos desconhecido regem esse grande teatro e a escuridão do futuro é aterrorizante.

Enquanto isso, o tempo nunca para, e a cada milésimo de segundo a vida se esvai pela ampulheta, sinalizando que a morte se aproxima.


A peça original foi realizada com caneta esferográfica, lápis de cor, lápis grafite e caneta gel metálica sobre papel Canson A3 224g/m² .

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